Estou em Sófia, a acompanhar a visita do FC Porto, que 5ª feira defronta o CSKA, para a 2ª jornada da Liga Europa. A viagem para a capital búlgara, decorreu no dia do 117º aniversário do clube azul e branco. E goste-se, ou não, cada ano que passa, na história do emblema nortenho, fica mais vincada a ideia de ter havido um antes e depois, de Pinto da Costa. Quando há 28 anos assumiu a presidência do FC Porto, numa altura difícil para a colectividade, os "andrades" como eram conhecidos, não causavam grande transtorno, aos crónicos rivais na luta por títulos, em Portugal. Na era Pinto da Costa que também se pode denominar era dos "dragões", o FC Porto conquistou só no desporto rei 51 títulos, entre os quais, duas Ligas dos Campeões e uma Taça UEFA...Hoje com 72 anos de idade, e no cargo desde 1982, Pinto da Costa no momento da reeleição, há quatro meses, prometeu voltar às conquistas nacionais e europeias. Pela amostra, a equipa de Villas-Boas, parece determinada a tentar chegar à fasquia...

O pior arranque de sempre da história do Sporting (nunca esteve à 6ª jornada, a 10 pontos do líder), não pode ficar ficar dissociado do seu treinador. Paulo Sérgio, não é o único responsável, mas o primeiro pelo rendimento da equipa. E ontem, no fim do jogo com o Nacional, tirou o fato de treino, limitando-se a um papel de comentador. Após o quarto jogo no campeonato sem ganhar, o discurso de Paulo Sérgio, resumiu-se a uma descrição do que a equipa não fez, quando os adeptos, estariam à espera de saber que ordens foram dadas para que os jogadores não voltassem a frustrar as bancadas de Alvalade. Falou em "asneira psicológica" da equipa, por não ter demonstrado ambição após o golo, ficando por se saber que indicações foram dadas do banco, para evitar essa falha. Também se queixou de falta de eficácia, quando foi o treinador que decidiu tirar dois avançados ao intervalo, garantindo que a dupla alteração não ficou a dever-se a indisciplina, mas a "opção técnica". Uma justificação para proteger os jogadores, mesmo os que prevaricaram, em prejuízo do colectivo. Com este tipo de estratégia de liderança, Paulo Sérgio fica mais sujeito a que lhe rebente a castanha na boca...

Há quem garanta no "jornal da caserna" que está a ser preparada uma lista para a Federação Portuguesa de Futebol, com o beneplácito de Gilberto Madaíl, na qual o actual presidente passaria para a Assembleia Geral (Madaíl, tem de permanecer num cargo dos novos orgãos sociais, para não perder o lugar no Comité Executivo da UEFA). Esta transição contaria essencialmente com o patrocínio da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e da Liga do Futebol Não Profissional. Fernando Seara, ou António Laranjo, são os nomes que se perfilam neste movimento, para a liderança da Federação. Do outro lado da trincheira, estão as associações distritais, já conhecedoras do jogo de bastidores, para as eleições que irão ser marcadas para Janeiro de 2011. O candidato das associações é Gilberto Madaíl. Mas se o actual presidente da Federação rejeitar, optando pela estratégia das ligas, será Carlos Ribeiro, o presidente da Associação de Futebol de Lisboa, o candidato da esmagadora maioria das associações distritais... E aqui, a contagem das espingardas será decisiva, para uma corrida a dois, que há muito não se via, à apetecível cadeira que Madaíl ocupa desde 1996.

Vítor Pereira, num discurso a fazer lembrar Bruno Alves, disse em bom "futebolês" que nas derrotas perdem todos e nas vitórias, ganham todos... Até aqui tudo bem. Onde não dá a letra com a careta, é dizer que não se riu com os erros de Olegário Benquerença, argumentando que quando os árbitros falham, o insucesso é de todos, mas quando é assinalado um fora de jogo inexistente a Saviola, o "erro é do árbitro assistente"... Neste particular, Vítor Pereira esqueceu-se do corporativismo usado para defender Olegário, quando se tratou de um erro do árbitro assistente Luís Marcelino. Vítor Pereira não foi feliz, como também ficou por anunciar o castigo aplicado a Benquerença, pela péssima arbitragem de Guimarães. Em bom "futebolês", Vítor Pereira pode ter começado a perder o balneário...

José Mourinho, teve a frase certa, que explica o que penso sobre esta "aventura" da Federação de contratar um treinador para dois jogos. Disse o treinador português do Real Madrid, que "não é um treinador que ao chegar a Portugal, para treinar dois ou três dias antes do jogo, pode ajudar muita coisa. Quem tem que ajudar são os jogadores. Os jogadores têm que ir para a selecção com espírito de missão e não para passear a classe e o prestígio que vão ganhando nos clubes". Está aqui o grande problema da selecção. Quantas vezes concluímos que o Ronaldo da seleçção, não é o mesmo do Real Madrid. E o exemplo de Ronaldo, estende-se a outros nomes sonantes da equipa nacional... Assim, a Federação, em vez de procurar os pós de perlimpimpim de Mourinho, deveria encontrar um treinador que assumisse a equipa a tempo inteiro até 2012 e com a capacidade de galvanizar adeptos e jogadores. O país na "era Queiroz" assobiou muito nos estádios e raramente os conseguiu encher. Os jogadores, na "era Queiroz" esqueceram-se do verdadeiro espírito de missão patriótica que os próprios devem impor, quando vestem a camisola das quinas...

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, foi a Madrid, tentar contratar José Mourinho em regime de part-time, para a selecção. Mourinho é inquestionavelmente um dos melhores do mundo mas não é o único bom treinador português. Gilberto Madaíl, com eleições da Federação à porta e com a presença no europeu em risco, mataria dois coelhos com uma cajadada se conseguisse contratar o treinador mais consensual dos adeptos portugueses. Por um lado, galvanizaria a equipa e os portugueses que na "era Queiroz" tiraram as bandeiras das janelas. Por outro, os votos que precisa para a recondução na presidência da Federação, seriam favas contadas...Este, é o lado colorido da ideia de Madaíl. Mas no reverso da medalha, está a possível (e admissível) recusa de Mourinho, ou por razões conjunturais ou por imposição do Real Madrid. E se assim for, todos ficaremos a saber, que o futuro seleccionador nacional, será uma segunda escolha da Federação. Logo, a nova era pós-Queiroz, ameaça início inquinado...

O Benfica foi prejudicado em Guimarães. Não há dúvidas sobre os erros que Olegário Benquerença, cometeu com influência no resultado e que penalizaram a equipa de Jorge Jesus. Contudo, é demasiado redutor atribuir às arbitragens, o pior início de época da história do clube. A equipa está menos consistente. A defesa é mais permeável. O meio campo tem menos ideias e dinamismo. O ataque sem o futebol vertical de Di Maria, está longe do poder de fogo da época anterior. Todos estes aspectos, melhoram-se com tempo, treino e competição. O Benfica vai com toda a certeza melhorar e aproximar-se dos registos da época passada. O galho dos encarnados, é que já perderam muitos pontos, para a concorrência. E em quatro jornadas, o Benfica já vai a nove pontos do rival nortenho, FC Porto. E quem perde em quatro jornadas, mais jogos do que em toda a época que passou, passa a ter menos possibilidades de revalidar o título nacional...

Nota prévia. Gosto do estilo de Paulo Bento e apreciei o seu trabalho no Sporting. Mas porque neste momento, Paulo Bento é o nome mais forte para o cargo de seleccionador nacional, não será despiciendo lembrar à Federação, o sistema de jogo usado pelo treinador, em quatro anos à frente da equipa principal do Sporting. Paulo Bento é um apaixonado pelo 4-4-2 losango. Na primeira época em Alvalade jogou com Deivid e Liedson, na frente. No ano seguinte, com Liedson e Djaló (ou Alecsandro). Em 2007/2008, Liedson foi acompanhado na frente por Vukcevic, devido à grave lesão de Derlei. Derlei/Liedson, foi a dupla em 2008-2009. E nos primeiros meses da época passada, até abandonar o cargo, jogou com o levezinho, acompanhado por Yannick ou Hélder Postiga. Sempre dois avançados, à frente de um losango de meio campo. Perante este sistema, pergunta-se: quantos pontas de lança tem Portugal, para o 4-4-2? E o 4-4-2 não será um sistema desajustado numa era do futebol português com extremos em quantidade e de qualidade, como Ronaldo, Nani, Quaresma e Varela? Em suma, a Federação comete um erro se não apostar num seleccionador moldado no sistema de jogo que melhor serve Ronaldo e companhia...

O jovem lateral direito do Braga, no dia mais marcante da sua carreira, foi impedido de falar aos jornalistas. Aos 22 anos, Sílvio acabava de somar a primeira internacionalização, com uma exibição segura, em Oslo. O jogador tinha todos os motivos, para deixar através da imprensa, o registo da sensação da estreia com a camisola das quinas. Mas a Federação, insensível ao momento único da carreira do jogador, não permitiu a Sílvio, falar no instante que mais desejaria... A Federação decidiu que só três jogadores prestariam declarações, após a decepcionante derrota frente à Noruega: Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Tiago. Sílvio obedeceu e parecia uma criança sem brinquedo quando explicou na zona mista aos jornalistas que não estava autorizado a falar. Já Liedson, que nasceu no país do futebol, não deu ouvidos à assessoria de imprensa e falou na zona das televisões. Este caso, deveria levar ao "grito do ipiranga" dos jogadores profissionais de futebol. Têm o direito à liberdade de expressão. É um conceito basilar das democracias modernas. E quem pensa que essa liberdade pode afectar o rendimento das equipas, que olhe para o exemplo da Espanha (campeã do mundo). Ou então para o da Noruega que no hotel do estágio, na véspera do jogo, deixou todos os jogadores, sem restrições, à disposição dos jornalistas. No dia seguinte, a Noruega venceu Portugal por 1-0...

Apertem os cintos, porque a viagem da selecção rumo ao Euro 2012, começou em zona de muita turbulência... O acórdão do castigo de seis meses a Queiroz foi divulgado, em cima do Portugal-Chipre. O apoio de Laurentino Dias a essa decisão, também. E a reacção de Queiroz á intervenção do secretário de Estado, foi igualmente proferida com o jogo quase a começar... Em resumo, uma semana que se pretendia de concentração máxima, no arranque da qualificação para um Campeonato da Europa, acabou por ser um período de clara perturbação, de um grupo de trabalho que afinal, até ficou a saber que nem precisa de treinador! Madail, para compor o ramalhete, teve a infeliz ideia de dizer que a selecção não ficará afectada com a suspensão de Queiroz porque joga com "piloto automático".

A todos os protagonistas desta lamentável sucessão de acontecimentos, recomendar-se-ia recato. Sob pena das renúncias se vulgarizarem, é urgente resguardar e estimar a equipa das quinas...

O internacional alemão Timo Hildebrand, com 31 anos, está longe da reforma e tem tudo para conquistar a titularidade na baliza do Sporting. Como disse Balakov, numa entrevista a Bola Branca, não é todos os dias que chega ao futebol português um guarda redes deste quilate. E na escolha do guardião, o Sporting fez uma escolha 8 milhões e meio de euros mais barata que a do Benfica. Olhando para os guarda redes dos grandes - Roberto, Helton e Hildebrand - todos concordarão que o do Benfica é o que dá menos garantias, sendo o único que não chegou a internacional A, pelo país de origem. E não deixa de ser preocupante que o melhor guarda redes português (Eduardo) tenha ido para um clube do meio da tabela de Itália, por metade do preço de Roberto... Já agora, ainda no rol das preocupações, lamenta-se que em 16 equipas da 1ª Liga de futebol (Liga Zon Sagres), só três (!) tenham na baliza, um português.